Cursos de Gestão de Recursos Humanos preparam quadros das empresas para a nova realidade

É um dos cursos com mais tradição no ISLA-Instituto Politécnico de Gestão e Tecnologia. Adstrito à Escola de Gestão, todos os anos candidatam-se, em média, mais de 40 estudantes, num ciclo de estudo que viu ser, muito recentemente, renovada a sua acreditação pela A3ES por seis anos, caso raro no contexto formativo português. Elisete Martins, coordenadora da licenciatura em Gestão de Recursos Humanos e do mestrado em Recursos Humanos, desvenda as competências essenciais dos profissionais de Recursos Humanos (RH), elencando os principais desafios desta área num cenário pós-pandemia.

 

EliseteA 

 

P: De uma forma resumida o que é a gestão dos recursos humanos (GRH) e quais as principais funções de um profissional de RH.

R: A gestão de recursos humanos faz parte da cadeia de valor de qualquer organização. Nesse sentido, é uma área ampla, interessante e altamente desafiadora. Tem um papel estratégico e está munida de ferramentas que contemplam um conjunto de habilidades, métodos e práticas, tendo em vista o desenvolvimento do seu quadro de pessoal. Articula comportamentos, habilidades e atitudes, conducentes ao ajustamento da diversidade que pautam o quadro de pessoal, bem como tem um papel fulcral na captação e retenção de talentos que possam potencializar qualquer organização. A principal missão da gestão de recursos humanos é alinhar a estratégia organizacional com as políticas inerentes à gestão das competências dos colaboradores, de modo a atingirem os objetivos delineados e operacionalizados pelos mesmos. Faz parte da função estratégica do gestor de recursos humanos, uma vez que se tornou parceiro de negócio, a responsabilidade de captar, selecionar, acolher, desenvolver, remunerar, avaliar, motivar e reter talentos para as organizações. As tarefas que desenvolve são diversas, podendo estar adstritas a diferentes áreas, nomeadamente, consultor interno, especialista de staff ou de linha, de salários, de recrutamento e seleção, de gestão de carreiras, de formação, de responsabilidade social, de igualdade de género, entre outras. As competências exigidas para o exercício da função passam pela capacidade genuína de lidar com pessoas, trabalhar comportamentos tanto individuais como em grupo, mediar negociações e conflitos, através de práticas motivadoras. Deve reforçar-se que esta função é de responsabilidade partilhada, tanto por gestores como por técnicos de recursos humanos, pelos níveis de decisão hierárquica e estratégica e ainda por todos os que coordenam equipas de trabalho. Nesse sentido, para gerir pessoas, o gestor de recursos humanos necessita de uma bateria de ferramentas que obrigam a competências complementares de todas as áreas da gestão, para que possa envolver as equipas na concretização dos objetivos; criar planeamentos estratégicos, de modo a alinhar a estratégia de negócio com os recursos humanos; recrutar e integrar os colaboradores com as tecnologias; elaborar manuais de funções e de acolhimento, desenvolver programas que visem a obtenção de qualidade de vida no trabalho; fortalecer o potencial dos colaboradores; criar metodologias de avaliação de desempenho e de avaliação do clima organizacional; aplicar testes psicotécnicos e conhecer a legislação laboral.

P: Qual é a realidade atual desta atividade em Portugal?

R: Portugal, tal como todos os países sofreram alterações profundas pelo cenário pandémico que condicionou todos os processos e procedimentos inerentes à atividade. Assim, a realidade incerta e os dados de fevereiro do corrente ano do Relatório Global de Tendências de Recursos Humanos, aclara algumas alterações significativas nas precedências de recursos humanos instituídas pelas organizações e que condicionam a veracidade atual da GRH, tanto em Portugal como no mundo. Mediante o cenário de pandemia, assistimos à aceleração da adaptabilidade ao mundo digital. Estrategicamente, sugerem três questões basilares que se prendem com: as novas formas de trabalho que garantam a colaboração num futuro incerto; a imperatividade de preparar os colaboradores para se adaptarem a lidar com a constante mudança; conceber competências para gerir o impacto deste contexto para uma nova abrangência da função do departamento de recursos humanos. Na atualidade, a função do gestor de recursos humanos tem como premissa básica apoiar as opções estratégicas das organizações nos processos de mudança e, em simultâneo, desenvolver as suas competências de liderança, apoiados na inteligência emocional, para se adaptarem às mutações constantes a que o tecido empresarial obriga.

P: O panorama marcado pelo contexto de pandemia em que a sociedade em geral e as empresas em particular testemunham coloca grandes desafios para o futuro. Qual a perspetiva da GRH para os próximos anos.

R: O contexto de pandemia global foi marcante para os gestores de recursos humanos, colocando-os perante novos desafios, obrigando-os a agilizar processos e a criar condições de adaptabilidade e redefinição de prioridades para se ajustarem aos diferentes cenários a que a mesma obrigou. A perspetiva que se vislumbra para os anos futuros, obrigatoriamente, passará por refletir nas mudanças que ocorreram de forma abrupta, tanto para organizações como para os colaboradores que de forma resiliente se adaptaram rapidamente a novos modelos de trabalho. Assim, haverá que delinear estratégias sustentadas no que concerne ao trabalho remoto, ponderando a adoção deste sistema, ou não, após esta situação pandémica, uma vez que permitiu minimizar os contactos interpessoais em contexto de atividade profissional quotidiana. Contudo, existem áreas que devem ser trabalhadas de forma diferenciada, nomeadamente, a liderança de equipas à distância e a sua avaliação de desempenho, o acolhimento, a aculturação e a socialização de novos colaboradores; A psicossociologia das organizações irá ter um papel preponderante em áreas ligadas ao stress e bournout, uma vez que o desgaste e as exigências têm sido enormes tanto para os gestores de recursos humanos, como na obtenção de resultados que também se imputam aos trabalhadores, provocando desequilíbrios no eixo vida profissional e pessoal dos mesmos. Reforçar-se-á o engagement, a retenção e a motivação, de modo a possam auxiliar os gestores de recursos humanos a criarem condições que assegurem o bem-estar de todos que comungam o quadro de pessoal de uma organização; O recrutamento e a contratação dispõem de um mercado global, proporcionado pelas novas tecnologias da informação e da comunicação, facilitando a procura de trabalhadores à distância e de forma autónoma, colmatando a escassez de talento local e permitindo o trabalho em equipas multidisciplinares e de alto desempenho; O people analytics, a robotização e a automatização de processos torna-se imperativa na área da gestão de recursos humanos, possibilitando o acesso à distância de dados e a operacionalização da abertura de canais de comunicação transversais para aceder à informação e às ferramentas necessárias ao desempenho de cada função; A área da formação tem sofrido ajustamentos globais, beneficiando das vantagens de poder ser mais abrangente e online, desenvolvendo competências à distância; A necessidade de apostar nas soft skills está na agenda de qualquer gestor de recursos humanos, uma vez que o foco é munir os seus colaboradores de competências que auxiliem a liderança, através de novos padrões de comportamento, sustentados pela flexibilidade funcional, empatia nos processos de recrutamento, seleção e integração, resiliência e equidade na avaliação de desempenho.

P: A licenciatura e o mestrado em GRH são cursos de grande tradição no ISLA-IPGT, marcados por uma larga adesão de estudantes, ano após ano, e com alta taxa de empregabilidade. Quais são as maiores potencialidades deste curso e as diferenças marcantes em relação a outras ofertas do mercado para esta área?

R: Na realidade, tanto a licenciatura como o Mestrado em GRH são um motivo de orgulho para a nossa Instituição, juntamente com os nossos pares, a Escola de Gestão tem apostado num corpo docente de referência, com vasta experiência em contexto de trabalho, com o intuito de formar profissionais que possam estar munidos das soft e das hard skills preparando os nossos discentes estrategicamente para o desempenho proficiente no exercício das suas funções, adaptadas a um mercado de trabalho cada vez mais agressivo, globalizado e em constante mudança. A necessidade da diferenciação em relação aos demais cursos e mestrados que se encontram no mercado, passa essencialmente por, manter e transmitir a nossa cultura de proximidade com os nossos discentes, estimulando a compreensão dos desenvolvimentos teóricos e da análise crítica das políticas e das práticas da GRH em contexto organizacional, consolidando uma visão integrada sobre a intervenção e investigação na área, dando continuidade no segundo ciclo a este construto, tanto para dar continuidade de competências a licenciados, como para quem pretenda ampliar, investigar e reciclar competências que redirecionam ou solidifiquem a sua situação profissional.

P: As novas instalações marcam um ponto de viragem nos mais de 30 anos de história desta instituição. De que forma é que os novos espaços podem representar uma mais-valia para os cursos de GRH a nível de criação de próximas atividades académicas?

R: As novas instalações são uma mais-valia para toda a comunidade ISLA-IPGT. Os benefícios desta nossa “nova casa” são transversais a todas as licenciaturas, mestrados, pós-graduações, cursos técnicos superiores profissionais, centro qualifica, formação, ligação à comunidade, colaboradores, etc. As atividades académicas, foram tão massacradas nesta fase pandémica que, creio firmemente, mal seja possível e em segurança, vão ser motivo para tornarem mais robusta a nossa cultura organizacional, tão peculiar e de proximidade, que se estenderá em comunhão com toda a comunidade académica, minimizando este tempo de afastamento presencial a que foram obrigados e exemplarmente nos envaideceram no cumprimento das suas obrigações cívicas.

Entrevista de Artur Filipe dos Santos

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