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Existem fenómenos que apaixonam os gestores, nomeadamente, aqueles que nos obrigam a observar as potencialidades que a mudança organizacional e as suas políticas podem proporcionar, nomeadamente, aquelas que fomentam grandes oportunidades em termos de evolução pessoal, profissional e organizacional. Desde tempos ancestrais que a sapiência popular, após testada pelo método científico, nos ajuda a produzir conhecimento, patenteá-lo e replicá-lo. Nesse sentido, temos aprendido a interiorizar a ideia de que os líderes podem ter uma intervenção fantástica ao conduzir os seus liderados.

Contudo, um académico atento e com sede de mudança, de seu nome Peter Senge, consegue alertar para um novo paradigma, sustentando que as organizações aprendem e estas têm a particularidade de instigar as pessoas a aperfeiçoarem continuamente as suas capacidades, de modo a criar o futuro que realmente gostariam de ver surgir. Peter Senge foi autor de alguns livros, sendo o mais conhecido “A 5ª. Disciplina”, deixando no ar uma “promessa” que haveria de cuidar de uma nova disciplina, denominada Metanoia, que seria considerada a 6ª disciplina e que completaria o ciclo das 5 disciplinas já trabalhadas e aplicadas em uníssono, para que possam surtir o efeito para que foram criadas. Desta forma, foi exatamente pela pesquisa deste novo conceito que, em comunhão com os meus alunos mestrandos, iniciamos uma busca incisiva sobre a vida e a obra de Peter Senge, de modo a entendermos como é que uma mudança substancial nas empresas, pode obrigar à necessidade de promover alterações nas mentes dos líderes e dos colaboradores. Seguindo as orientações da abordagem de Peter Senge, caso isso não ocorra, não se produz qualquer efeito inovador. Assim, Metanoia é o caminho para a pessoa se conectar com a sua consciência, de forma a crescer e recriar o seu ambiente em conjunto com a evolução da compreensão de todos os envolvidos na busca de modelos diferenciados, tendo em atenção que não nos referimos a líderes religiosos, mas baseamos a nossa procura em respostas mais abrangentes, através de lideranças que acompanharam esta mudança de paradigma, associada a uma maior autonomia no que concerne às funções, ao conceito de felicidade, dinamismo, humanidade, sustentabilidade e colaboração, ao invés do que assistimos em cenários altamente competitivos, tornando tóxicas as relações organizacionais e sociais.

Estando criado o ambiente para que se imputasse a emergência de um novo líder, capaz de atuar com as suas competências diferenciadas, através de uma consciência espiritual expandida, isto é, através do conhecimento de si, da organização e do nicho de mercado aonde atua, bem como da generalidade dos elementos que ocupam as funções e as relações que se estabelecem entre todos. Muitas características e comportamentos são associados a estes novos líderes, tendo sempre a noção de que são indivíduos autoconscientes, equilibrados, emocionalmente estáveis e resilientes. Podemos designá-los como perfecionistas que aprimoram as suas características mais relevantes e recorrem a métodos inovadores de forma a procurarem auxílio nas intenções a que se propõem. Assim, frequentemente, introduzem nas suas práticas de liderança, sessões de coaching, práticas de yoga, meditação guiada (inicialmente), promovendo e recorrendo a psicoterapias ou, inclusivamente, indicam e aconselham leituras ajustadas a esta área, de modo a promoverem a autoanálise e a partilha de experiências.

Deste modo, o facto de demonstrarem uma capacidade extraordinária para identificarem sistemas de crenças, por vezes enraizadas e de padrões estereotipados e obtusos, que ancoraram ao longo do seu ciclo de vida, através de fatores como a sua religiosidade, as culturas do sítio aonde nasceram e, essencialmente, a interiorização natural dos valores familiares e dos contextos sociais a que estiveram expostos. Sendo tarefa desafiante associada a um líder espiritual possuir a capacidade de alterar as crenças instituídas e mudá-las, por forma a torná-las robustas e sustentadas. Promovendo a possibilidade de, no quotidiano, apresentarem resiliência e flexibilidade, reconhecerem os seus próprios lapsos/defeitos e conseguirem a paz interior que trabalharam de dentro para fora, favorecendo a mudança de atitude, sabendo pedir ajuda caso necessitem, encontrando novas soluções para problemas complexos. Os líderes espirituais apostam no pensamento crítico e sistémico, na meditação e no silêncio interior, tornam-se contemplativos, aprendem a utilizar a respiração profunda e a silenciar a voz mental do seu ego, que por vaidade, tantas vezes é responsável por desastres relativos à saúde mental, traduzidos em comportamentos de julgamento, descontrolo e indecisão. Possuem competências que derivam do silêncio interior e tornam-se excelentes na prática da escuta-ativa, acrescendo que, em simultâneo, evoluem ao nível da intuição. Por esse facto, são considerados como tendo uma missão superior, tornando-se muitas das vezes líderes humanitários e espirituais, inspirando novos comportamentos, evidenciando o melhor de cada um, apelando à genuinidade pura.

Caracterizam-se pela paixão de desenvolverem pessoas, com plena consciência das diferenças que as caracterizam, potencializando a formação de novos líderes com os mesmos propósitos, no que diz respeito ao foco em processos e ao pormenor da sua importância na obtenção de resultados. As características que são mais conhecidas neste tipo de liderança espiritual prendem-se na postura associada à humildade e ao desapego que geram produtividade, criatividade e coesão entre as equipas que lideram. Preservam a sustentabilidade e os recursos naturais em harmonia com as atividades que realizam, envolvendo todos os elementos nesta aposta de perspetiva de prosperidade entre equipas, comunidades e organizações, num bem maior que obriga a novas atitudes para sobreviver. Desta forma possuem uma consciência integrativa. partindo do paradigma da abundância, envolvendo países, governos, organizações, famílias e indivíduos, com a ideia de que só através do compartilhamento de recursos, podermos ter o suficiente para todos. Nesse sentido os líderes espirituais são plenos e felizes, conseguem celebrar com alegria os resultados alcançados e trabalham em climas saudáveis que, naturalmente, darão “frutos” diferenciados

Diretora da Licenciatura em Gestão de Recursos Humanos 

Subcoordenadora do Mestrado em Gestão de Recursos Humanos

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